Despertar

Despertar (1)

Despertar

A interminável noite
em algum momento
há de ceder
Estes tempos incontáveis
de forçada paciência
tateando um rumo,
querendo uma resposta
que num lampejo
dissipe a ignorância,
terão um fim

Com suas luzes tremulantes,
como numa miragem,
este encantamento
da grande ilusão
se dissolverá
como as nuvens do céu
que não resistem
ao vento
forte

Crescerá,
no interior,
um fogo crescente,
o mesmo que criou
toda a vida
Em sua fúria devoradora
não sobrará outra coisa
senão a verdade
sobre quem somos

O caminho será então
tão tênue,
quase imperceptível,
beirando os abismos
tenebrosos
Mas não haverá
mais dúvidas
de que somos um
com o grande Sol

Quadro: Desenho com giz pastel seco sobre papel
Artista: Christian Salvi Wunderlich
Poema: Silvio Wunderlich
Dedicado a todos os que sabem que somos muito mais do que o pó das estrelas…

Ser natural

Desenho do macaquinho
Ser natural

Os pequenos

são espontâneos
Não se apresentam,
não perguntam por nomes
nem há cumprimentos
Simplesmente
se tocam
ou já começam a brincar
numa linguagem
que eles entendem

Com seus olhos brilhando, puros
deixam-se levar
vivenciando as coisas
com a plenitude
dos sentidos
ainda não corrompidos
por ideias estranhas
e sem o condicionamento
da separação

Por que usamos tantas máscaras?
Estamos multifacetados,
há conflitos até mesmo
entre nossas próprias faces
Já nem sabemos
quem somos

De alguma forma
é preciso,
dentro de nós,
achar aquele anseio,
aquele impulso
que brota fundo,
de ser apenas natural

É vital
abrir este espaço,
limpar os canais
desta fonte sublime
de onde escorre,
límpida,
a força
da vida

Quadro: Desenho com lápis sobre papel
Artista: Christian Salvi Wunderlich
Poema: Silvio Wunderlich
Dedicado a Bethânia e ao pequeno Luca